Dados fornecidos pela Confederação de
Cooperativas da Catalunha (Coopcat), referente ao primeiro semestre de 2014
mostra a criação líquida de 4.226 novos postos de trabalho ao longo do ano
passado. E desde 2009 tem havido uma criação líquida de 3.128 postos de
trabalho.
As cooperativas são entidades que não
priorizam a maximização do lucro, mas sim a qualidade e a manutenção dos postos
de trabalho. Reforçamos essa Ideia quando vemos que no sector cooperativo, mais
de 78% dos postos de trabalho são de contrato sem termo. (Fonte: Coopcat)
Mas eu acho que nós subestimamos, e muito, o
potencial do cooperativismo ao ficarmos satisfeitos com que seja um instrumento
válido apenas para momentos de crise. Não se trata, tão pouco, que o cooperativismo
nos ofereça uma boia para navegar em mares revoltos e trovoadas isoladas. Os
pontos fortes e o potencial do cooperativismo podem ser usados para transformar
a economia e a sociedade.
As cooperativas são organizações que geram
riqueza e envolvem dois valores adicionais. Por um lado, a riqueza gerada não o
é de qualquer maneira, mas com base em projetos que colocam a pessoa no centro
e tendo em conta a comunidade e o meio ambiente em que se desenvolvem.
"Não vale tudo para ganhar dinheiro." E também, não se trata apenas
de criar riqueza, mas que esta seja distribuída igualmente entre os parceiros
do projecto. Este elemento é altamente transformador.
Além disso, as cooperativas têm o poder de ser
escolas de democracia, que em seguida,
podemos extrapolar para a sociedade. Aprender a decidir. Algo que pode parecer
elementar, mas não é. Se aprendermos a decidir na nossa empresa, no nosso local
de trabalho, em vez de só obedecer, então também podemos construir a sociedade
em que viver não se concilia com simplesmente obedecer, mas onde queremos
decidir e tomar parte nas decisões transcendentais e quotidianas que nos
envolvem. Por isso, o cooperativismo pode ser um elemento que estimula o envolvimento
e a participação cidadã na política de cada dia e de modo a que as pessoas comuns
não se conformem ou resignem, apenas.
Finalmente o cooperativismo pode ser um
elemento que conduz à propriedade comum das empresas, à sua apropriação/propriedade
pelo conjunto da sociedade. Som Energia,
por exemplo, mostra que o sector da energia não tem que estar nas mãos de um oligopólio
pseudo-gangster, mas que podemos criar instrumentos democratizadores e colocar,
sob o domínio de todo o conjunto da sociedade, um projecto que pertence à
própria sociedade e que, portanto, nunca se virará contra ela. O mesmo se
aplica no caso dos ateneus e espaços sociais
auto-gestionados como o La Flor de
Mayo, ou espaço Germanetes, ou o Can Batlló ou o próprio caso de Coop57 no setor financeiro.
O para o
comum e o pelo comum, pode ser
uma espinha dorsal da sociedade futura onde a cidadania se apodere de áreas de
produção, consumo e socialização. Fórmulas horizontais, democráticas e
participativas que estimulem o serviço e o trabalho para o bem-estar da
maioria.
O cooperativismo tem uma potencialidade tão grande
que pode ser algo que transcende uma simples fórmula empresarial e tornar-se motor
de uma mudança social mais profunda.
Xavi Teis, COOP57, Catalunha
TEXTO ORIGINAL, em catalão no blog ARA
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