quarta-feira, 17 de março de 2010

Estudantes e cientistas preparados para fazer greve de fome como chamada de atenção para as pescas fraudulentas

Publicamos na íntegra um Comunicado de Imprensa relativo a uma manifestação de alunos da UAlg (Erasmus), que estão dispostos a fazer uma greve de fome, durante 24h, em prol da Reforma das Pescas.

Este grupo alunos de Erasmus esteve envolvido na Vigília à luz das velas na passado do dia 12 de Dezembro junto à doca de Faro (eram os que estavam nas canoas).

Para esta manifestação eles possuem o apoio de vários coordenadores do seu Programa (EMBC - Erasmus Mundus Master of Science in Marine Biodiversity and Conservation) e alguns membros importantes da antiga Faculdade de Ciências do Mar e do Ambiente (agora intitulada Faculdade de Ciência e Tecnologia).

por Pedro Abrantes
Quando: 21-22 de Maio, 2010
Onde: Universidade do Algarve, Campus Gambelas, Faro  (21 de Maio)
Jardim Manuel Bivar, Faro (22 de Maio)

Estudantes e cientistas da área de conservação marinha da Universidade do Algarve lançaram uma campanha que visa a Reforma das Pescas. Através de um sacrifício pessoal e da sua determinação, irão conduzir uma greve de fome durante 24h, argumentando que preferem passar fome do que se alimentarem de peixe roubado. Durante as primeiras horas de greve de fome o grupo realizará alguns eventos no Campus Gambelas, tais como visualização de filmes, conferências e a realização de um pequeno espectáculo teatral que visa demonstrar e comunicar as suas preocupações. Durante o segundo dia, o grupo irá interagir com o público em geral, no Jardim Manuel Bívar, providenciando teatro de rua, entrevistas e sensibilização para melhores escolhas no consumo e compra de peixe, através da entrega de panfletos. Após uma refeição, a partir de uma fonte localmente sustentável, o grupo continuará com mais actividades ao longo da noite, incluindo arte e música ao vivo no centro de Faro (local ainda por determinar).

Segundo o grupo, cientistas estimam que em menos de 50 anos as frotas industriais reduziram as grandes espécies comerciais para meros 10% dos níveis anteriores (1960). Há cerca de 2 meses, Daniel Pauly, um dos melhores especialistas do mundo em gestão das pescas, foi recebido na Universidade do Algarve. Durante uma apresentação, em Gambelas, o Dr. Pauly revelou evidências que sugerem que os oceanos não possuirão stocks comercialmente viáveis até 2048.
Actualmente as frotas industriais atingem elevadas dimensões e são de tal modo eficientes na sua função, que têm vindo a reduzir significativamente a produção, ao ponto de deixarem de fazer sentido quer biológica, social e economicamente. O grupo argumenta que, se não fossem os governos a entregar uma vultuosa quantidade de subsídios às frotas industriais, a indústria iria à falência em apenas um dia. À semelhança de uma fiança bancária, o grupo insiste que temos o direito de nos pronunciarmos em relação à gestão das pescas. Alegam que com uma abordagem cautelosa, o mundo das pescas poderia alimentar muito mais pessoas de um modo sustentável, dando emprego a muito mais gente. Na verdade, o Banco Mundial recentemente publicou um documento argumentando este mesmo ponto.
Representantes do grupo proclamam que se a Política Comum das Pescas da UE não for modificada significativamente até 2012, então o futuro dos pescadores portugueses será incerto. Acreditam também que se o colapso dos stocks a nível global acontecer, assistiremos a um aumento de pobreza, malnutrição, refugiados e o colapso do ecossistema.
Citando um dos organizadores desta campanha, “ Nós queremos que esta campanha se foque nas injustiças que se tem feito com o público europeu, com as comunidades costeiras das nações em desenvolvimento e para com as gerações futuras. Nós queremos mostrar ao nosso governo que estamos a fazer um sacrifício pessoal para assegurar a conservação das fontes mundiais e que não desistimos sem lutar. Finalmente, queremos também relembrar ao público que há muitas famílias que habitam em zonas costeiras de países em desenvolvimento que já não possuem alimento, em consequência da política de pescas da UE que promove a captura em mares estrangeiros. Nós preferimos passar fome, do que saber que estamos a contribuir para mais sofrimento e é isso que vamos fazer no dia 21 de Maio”.
Os organizadores anunciaram que gostariam de ter mais cidadãos envolvidos neste projecto e que vão fazer um esforço para incluir o pescador artesanal num futuro próximo. Se está interessado em participar ou se gostava de receber uma cópia de um guia da campanha da Reforma das Pescas contacte Greg através do email greg@respectnature.com ou visite o nosso grupo no Facebook, Campaign for Fisheries Reform.

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