A Ilha da Fuseta, em Olhão, recebeu pela primeira vez a bandeira azul, enquadrada numa paisagem onde já não existem casas embora ainda hajam máquinas a remexer o areal.
A atribuição do galardão assinala o fim da primeira fase das obras de requalificação paisagística da ilha que levaram à demolição de construções e a uma intervenção de emergência para consolidação do cordão dunar.
Depois de um inverno rigoroso, durante o qual a natureza destruiu cerca de 50 casas, a ilha “renasceu” e pôde a partir dos primeiros dias de julho começar a receber os banhistas através do novo cais de embarque.
Os veraneantes com quem a Lusa falou são unânimes em dizer que não têm saudades do tempo em que as casas polvilhavam a paisagem da Fuseta e que a “nova” ilha é no fundo como um “regresso ao passado”.
“Havia muitas casas mas não havia ordenamento nem saneamento corretos”, diz um banhista de Lisboa e que ali passa férias há dez anos, congratulando-se com o facto de a praia estar agora “mais natural”.
Contudo, João Ferreira é da opinião que a ilha deveria ter mais e melhores apoios de praia, sanitários e espaços de lazer para que as pessoas possam desfrutar do espaço da forma “mais natural possível”.
Outro banhista com quem a Lusa falou ainda se recorda de como era a ilha há 40 anos, altura em que não havia casas, tal como agora, pelo que diz que olhar para a Fuseta como está agora só lhe traz boas recordações.
Mais triste fica quando olha para a praia da cidade que o viu nascer, Faro, onde considera estar a ocorrer um crime ambiental sem memória, pelo que defende que deveria ser feita uma “limpeza” tal como na Fuseta.
“Conheço bem a ilha de Faro, desde o tempo em que ainda pertencia aos algarvios e aos farenses, mas agora aquilo é uma desgraça e até me dá vontade de chorar só de falar nisso”, desabafa.
Contudo, acredita que daqui a 10 ou 20 anos, se não houver intervenção humana, o mar há de encarregar-se de “deitar aquilo tudo abaixo” já que, diz, tal como ficou provado na Fuseta, a natureza vai buscar o que é seu.
A bandeira azul foi hasteada na presença da secretária de Estado do Ordenamento e das Cidades, Fernanda do Carmo, de vários representantes da Marinha e das autoridades locais.
Segundo a secretária de Estado, a tarefa que se segue é concluir a abertura da barra definitiva, no sítio da Toca do Coelho, a nascente do canal da Fuseta, depois de a barra aberta no inverno pelo mar já ter sido fechada.
Após a época balnear, a Sociedade Polis Ria Formosa retomará os trabalhos de requalificação e passará à execução do plano de praia, que inclui a construção de apoios de praia definitivos e de passadiços sobre elevados.
Fonte: Região Sul
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