segunda-feira, 31 de maio de 2010

Autodestruição da Globalização

Hoje vivemos num T0. Para conhecermos basta queremos. Para encontrarmos basta sair de casa. Pois é: o mesmo planeta que há coisa de 50 anos era enorme e em que era preciso imenso tempo para nos deslocarmos de um local para outro desapareceu. Hoje qualquer distância se faz em pouco tempo. Num dia, que era o tempo de uma viagem norte-sul em Portugal, podemos estar do outro lado do mundo.

A este mundo novo já não chamamos Terra de Vera Cruz, apesar de as potencialidades serem as mesmas. Em escalas diferentes. A este novo mundo chamamos mundo global. Passam a ser possíveis os contactos com todo o mundo por qualquer via e passamos a poder estabelecer contactos com todo o mundo de forma rápida.

A globalização, de que tanto se houve falar, criou uma teia de relações globais tanto no domínio pessoal como social como económico como estatal permitindo um intercâmbio ideológico, intelectual e cultural muitíssimo saudável, na minha opinião.

Esta mesma globalização depende da inteligência do Homem. O que queremos para o futuro global? Temos duas hipóteses: ou o futuro passa pela relação interpessoal (que é um bem aliás escasso) ou passa pelo fim das relações humanas. O mesmo desenvolvimento tecnológico que permitiu a união de pessoas dos 5 continentes mostra já grandes possibilidades de as separar, mesmo as que vivem na mesma cidade. Hoje uma chamada, um SMS ou um e-mail estabelecem contacto privilegiado com seja quem for não se dando valor às relações interpessoais.

Actualmente, para além do problema tecnológico, temos o problema fóssil. Tornando-me mais claro: mesmo que queiramos estabelecer relações interpessoais com os quatro cantos do mundo se não tivermos como nos deslocarmos torna-se claramente mais difícil. Impossível. Se noutros tempos foi o nosso pouco conhecimento que nos levou a optar por um crescimento insustentável agora é a nossa inteligência que nos bloqueia o acesso à sustentabilidade. Não explorámos os recursos da Terra de forma a podermos lucrar sempre deles. Mas agora que sabemos como fazer uma exploração adequada dos recursos que nos restam continuamos sem querer fazer nada.

Sem combustíveis fósseis, e com uma enorme inaptidão para procurar alternativas, caminhamos a passos largos para o fim daquilo que permite que as sociedades e que a sociedade global funcionem.

Estamos a conseguir duas coisas ao mesmo tempo: acabar com as nossas sociedades, e a preparamo-nos para uma "terceira guerra mundial com paus e pedras", e ao mesmo a acabar com a possibilidade da nossa existência tal como a conhecemos.



Cabe-nos a nós, jovens preocupados e atentos alertar os que têm poder de decisão para tomarem as decisões correctas. Cabe-nos a nós, jovens de ciência e conhecimento mostrar por a + b que a sustentabilidade é possível e necessária e com menos custos financeiros, humanos, e de recursos e assim dar aos que decidem os instrumentos da decisão. Cabe-nos a nós, jovens garantir que quando tivermos a decisão nas nossas mãos a tomaremos em consciência de acordo com os valores de uma cidadania ambiental e global consciente.

É o nosso futuro. O tempo é de acção. São nossas as decisões. O que é que queremos?

António Lima Grilo, Vencedor Nacional da Categoria Sénior das XIII Olimpíadas do Ambiente


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